quinta-feira, 7 de novembro de 2013

RPG na escola: Por onde começar

RPG na escola: por onde começar?

Por Carlos Klimick

Educadores por todo o Brasil estão interessados em aplicar o RPG ao ensino, mas se encontram em dúvidas sobre como fazê-lo. Portanto, seguem aqui algumas dicas do método que utilizo em meu trabalho, espero que sejam úteis.
Que tal começar criando aventuras a partir de temas da atualidade, envolvendo o conteúdo didático? Trata-se de um bom recurso para captar o interesse dos alunos. Nesse caso, o importante é buscar um assunto em destaque, correlacioná-lo com o conteúdo disciplinar e planejar a história ou aventura: a linha central de trama, desafios, personagens com as quais os jogadores interagirão, etc.
Exemplos
Copa do Mundo e História
Nossos alunos são viajantes no tempo, que querem impedir que a Taça ganha pelo Brasil na Copa de 1970 seja derretida. Eles viajam no tempo até a Segunda Guerra Mundial, quando nazistas tentaram pegar a Taça, para colocar um localizador nela e recuperá-la no ano que ela foi derretida (evitando assim mudar a História). O momento histórico da Segunda Guerra pode ser abordado nessa etapa. Na sessão seguinte eles viajam até 1950 para impedir que um viajante renegado roube a taça. O impacto da final da Copa de 50, a importância cultural para o Brasil da Copa do Mundo e o questionamento dessa importância podem entrar aí.
Drogas e Geografia Humana
Um amigo do grupo é preso como traficante de drogas e deverá ir a julgamento. Enquanto buscam provar a inocência dele, descobrem que na verdade ele era usuário regular e estava fazendo um serviço de entrega para pagar o vício. Criar situações que representem indagações como: Por que ele se viciou? Como lidar com a dívida dele? Será que ele não viu que estava arruinando a própria vida? O quanto de dinheiro é movimentado pela droga? Por que o tráfico domina as favelas?

Pontos importantes a considerar
1) Como planejar a atividade?
Tenha seus objetivos bem claros em mente. Uma série de sessões de RPG que tenham por meta trabalhar socialização, responsabilidade, ética e levantar um perfil psicológico dos alunos tem um formato diferente de uma que tenha por objetivo tornar o conteúdo de História mais atraente e auxiliar na sua fixação.
2) A participação será voluntária ou obrigatória?
O RPG é normalmente uma atividade voluntária. Se for obrigatória será necessário muito jogo de cintura por parte do narrador ou mestre para motivar a todos. O ideal talvez seja passar outra atividade para os alunos que se recusem a participar. Também deve-se evitar que eles fiquem atrapalhando os que querem participar com comentários, brincadeiras, etc.

3) O jogo de RPG deve ocorrer em período de aula ou extra-classe?
Isso é importante para o planejamento. Sempre é importante ter um bom relacionamento e sincronia com o/s professor/es cujas matérias serão abordadas nas sessões de RPG. O RPG permite o uso da interdisciplinaridade, uma mesma história pode ter elamentos de Historia, Geografia, Biologia etc.
4) Quantos jogadores por mestre?
Se a atividade for feita com mestres, ou narradores, "presentes", cada mestre deverá ficar com no máximo oito alunos. Se for necessário, divida a turma em grupos e treine alunos para serem "mestres assistentes". Se a aventura for interdisciplinar e houver possibilidade, cada professor poderá pegar um grupo.

Sobre o autor

* Carlos Eduardo Klimick Pereira é formado em Administração e mestrando em Design(pesquisa em Design Educacional) pela PUC-Rio. Autor e profissional de RPG desde 1992, trabalha com RPG aplicado à educação há mais de 4 anos
 


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